Integração Sensorial

É uma área de conhecimento, voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos.

 

Os procedimentos de Integração Sensorial são delineados para alcançar as fundações sensoriais e motoras que ajudam a criança a aprender novas habilidades mais facilmente. Incorporando necessariamente o interesse e motivação da criança, o Terapeuta Ocupacional desenvolve a intervenção num contexto de brincadeiras, que envolve cuidadosa seleção das experiências sensoriais (toque, movimento, sensações musculares e articulares), planejada individualmente para cada criança, com desafios “na medida certa” com encorajamento, empatia, motivação e que conduzam a organização (da criança e, portanto, de seu sistema nervoso).

Integração Sensorial (IS) é a capacidade neurobiológica que todos temos de captar, organizar e integrar todas as informações do nosso corpo e do meio em que estamos inseridos para formularmos respostas em forma de ação motora, comportamento, comunicação. 

Temos oito sistemas sensoriais que trabalham juntos de forma contínua para que a gente consiga entender nosso corpo e o movimento que ele faz, para entender o que ouvimos e o que enxergamos, para entender o gosto e o aroma. 

 

Esses sistemas sensoriais são: tato, de posição do corpo, de movimento do corpo, visual, auditivo, olfativo, gustativo e interoceptivo. E é a integração de todas essas informações que fazem com que a gente sinta, perceba e aprenda sobre nós mesmos, sobre o contexto, pessoas e objetos que nos cercam.

Quando esse processo está bem-organizado, nossas respostas são adequadas. Porém, quando um ou mais sistemas sensoriais estão funcionando de forma desarmônica, encontramos dificuldades no desempenho das mais diversas atividades ao longo do dia. A integração sensorial é base fundamental para o desenvolvimento de todas as habilidades e também para o desempenho em todas as áreas, como alimentação, sono, banho, aprendizagem escolar, brincar, participação social.

O que é terapia ocupacionalno método de integração sensorial

A ciência e o método de Integração Sensorial foram desenvolvidos na década de 1960 pela terapeuta ocupacional americana Dra. A. Jean Ayres (University of Southern California). Seus primeiros estudos buscavam compreender as dificuldades sensoriais relacionadas com a aprendizagem escolar, mas logo já ampliou e aprofundou para muitas outras condições. 

Dra. A. Jean Ayres desenvolveu não somente fortes pesquisas científicas que fundamentam até hoje a teoria da Integração Sensorial, mas também criou um importante instrumento de testagem (SIPT), equipamentos e um raciocínio clínico robusto que conduz as estratégias de intervenção. 

A terapia ocupacional no método de integração sensorial é indicada para todas as pessoas que apresentam dificuldades sensoriais importantes, as quais impactam de forma decisiva o desenvolvimento, o aprendizado, a independência e autonomia assim como o desempenho nas diversas áreas da vida.

Benefíciosdo tratamento

A Terapia Ocupacional no método de Integração Sensorial tem como objetivo oportunizar experiências sensoriais necessárias para o desenvolvimento da criança.

É uma abordagem lúdica que promove brincadeiras, vivências e atividades favorecendo a regulação emocional e de atenção, assim como a construção de consciência corporal e a maturação de habilidades posturais e motoras que apoiam a participação e o desempenho da criança em diferentes áreas da ocupação (brincar, descanso e sono, participação social, atividades de vida diária).

Benefícios do tratamento:

  • A criança que encontra dificuldades em habituar-se aos estímulos sensoriais, percebendo-os com maior intensidade e de forma mais duradoura, passa a aumentar a tolerância a estes e também a conhecer as melhores estratégias de auto-regulação sensorial.
  • As dificuldades posturais e motoras resultantes de baixo registro e discriminação das informações do corpo e movimento são diminuídas ou sanadas, repercutindo em melhora na aprendizagem de habilidades motoras assim como na qualidade da brincadeira, no desempenho escolar e na participação social.
  • Os desafios de participação em brincadeiras, a dependência nas atividades de auto-cuidado, as dificuldades no desempenho escolar são diminuídas ou sanadas a partir de estratégias de intervenção direcionadas a maturação da consciência corporal, da consciência das propriedades dos objetos, assim como do desenvolvimento de habilidades de ideação, planejamento e execução ações motoras.

Intervenção

A partir das informações obtidas no processo de avaliação, a terapeuta estrutura objetivos a serem alcançados através a terapia ocupacional no método de integração sensorial. Tais objetivos norteiam a estruturação de um plano de intervenção pensando nas melhores estratégias, sendo consideradas as dificuldades sensoriais da criança. 

O atendimento tem duração de 45 minutos. A frequência semanal é determinada ao final da avaliação.  A família pode acompanhar os atendimentos através da televisão localizada na sala de espera, a qual reproduz as imagens da sala de atendimento em tempo real. Durante o atendimento são feitos registros fotográficos e pequenos filmes que registram o processo terapêutico.

Mesmo que a Infance seja uma clínica de terapia ocupacional especializada no método de integração sensorial, as estratégias utilizadas no atendimento da criança são estruturadas de acordo com a sua individualidade, com suas características e demandas próprias.

 

Encontro para Pais

A Infance oferece para as famílias um encontro mensal online pela plataforma google meet buscando capacitar todas as pessoas envolvidas no processo de intervenção e desenvolvimento das crianças. 

São convidados familiares, educadores, assistentes terapêuticos, e demais profissionais que fazem parte da equipe de profissionais responsáveis pela evolução das crianças para discutirem, conversarem, aprenderam sobre assuntos que giram em torno das dificuldades sensoriais e desenvolvimentais. 

A cada mês temos um novo tema e uma nova oportunidade de aprendizado e reflexão. O evento fica gravado e pode ser assistido em outro momento por aquelas famílias que não puderam estar presentes de forma assíncrona (ao vivo).

Saiba mais...

A dificuldade na Integração Sensorial impacta de forma determinante a qualidade do comportamento da criança nos diferentes contextos, visto que a criança entendendo as situações apresentadas como desafiadoras pode escolher comportamentos de fuga, geralmente comportamentos em zonas de conforto sensoriais, comportamentos estereotipados e repetitivos, como estratégias para lidar com as vivências que apresentam informações sensoriais daqueles sistemas dos quais é menos hábil.

Os comportamentos excessivos e hiperfocados, de busca de sensações para regulação, têm como objetivo de sanar, inibir, diminuir a insegurança proveniente da fragilidade de determinados sistemas sensoriais.

Cientificamente já está comprovado, e em artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que “as alterações sensoriais são comuns e geralmente invalidam as crianças com transtorno do espectro do autismo” (Posar, A. e Visconti, P., 2017). Segundo estudo científico publicado em na American Journal of Occupational Therapy, (Dunn, W., Myles, B. S., & Orr, S 56, 97–102) as alterações sensoriais nas crianças com transtorno do espectro podem afetar negativamente a vida desses indivíduos e de suas famílias impactando de forma decisiva sobre a aquisição e desenvolvimento de diversas habilidades motoras, sociais, acadêmicas e de comunicação, interferindo na aquisição de autonomia e no desenvolvimento de auto-estima, além de determinar a qualidade da relação com o mundo e com o outro. Em estudo recente, publicado em maio de 2020 pela Advancing Knowledge to Trasform Children’s Live, pela Frank Porter Graham Child Development Institute (UNC), a abordagem de integração sensorial esteve entre as práticas cientificamente comprovadas como fortemente baseadas em evidências para crianças com autismo.

A Terapia de Integração Sensorial Ayres® é uma abordagem embasada em fortes estudos científicos inicados na década de 60 por Ayres (1972, 1979, 1989) e que seguem até os dias de hoje. Estes estudos comprovam que a capacidade do indivíduo de integrar as informações sensoriais é uma base importante para o comportamento adaptativo, concentrando-se nos princípios sensório-motores que se relacionam aos desafios de participação, além de enfatizar interações ativas dinâmicas da criança com ambiente social e físico. Esta intervenção disponibiliza para a criança os desafios na medida certa possibilitando neuroplasticidade e desenvolvimento dos sistemas sensoriais, em busca de comportamentos adaptativos de cada vez maior qualidade frente as demandas.

Reuniões de evolução

O contato entre terapeuta e família ocorre de forma sistemática ao início e ao final de cada atendimento, havendo acolhimento e orientação aos pais, assim como o relato breve de pontos significativos do atendimento.

 A cada 3 meses a terapeuta ocupacional reúne-se com a família para apresentar os resultados da intervenção e redefinir objetivos. Essas reuniões acontecem de forma online pela plataforma google meet.

Jornada sensorial

A Infance proporciona aos familiares de pacientes da clínica e demais pessoas interessadas um evento informativo sobre o impacto das dificuldades sensoriais no desenvolvimento das crianças.

Trata-se de uma série de encontros que trazem temas desde O que é Integração Sensorial, Quais os diferentes diagnósticos de Disfunção de Integração Sensorial, Qual o impacto das dificuldades sensoriais na aprendizagem de habilidades de auto cuidado e no desfralde, Quais as brincadeiras que podem potencializar o desenvolvimento da criança com dificuldades sensoriais, Qual o impacto das dificuldades sensoriais no comportamento da criança, e Qual a relação entre as dificuldades sensoriais e as estereotipias.

Esses encontros podem acontecer de forma online ou de forma presencial, sendo divulgados nas redes sociais da Infance. Os participantes recebem material de apoio e também um certificado de participação.

Avaliação

O processo de avaliação aqui na Infance está voltado para conhecer os principais desafios de participação que estão impactando o desenvolvimento da criança e também a relação que há entre esses desafios e as dificuldades sensoriais.

Trata-se de uma série de encontros online e presenciais através dos quais a terapeuta ocupacional obtém as informações necessárias para estabelecer um raciocínio clínico e a hipótese de um diagnóstico. Através de questionário, entrevista e de filmes caseiros, família reporta toda a história de vida da criança, as dificuldades e potenciais, os desafios que estão encontrando na rotina do dia-a-dia. Através de testagens, questionários e de observações clínicas, a terapeuta ocupacional constata sinais que definem uma hipótese diagnóstica.

Buscamos conhecer o nível de desenvolvimento global da criança em comparação ao padrão esperado para sua faixa etária e estabelecer relações entre os padrões de disfunções sensoriais detectados e os desafios de participação e desempenho ocupacional. O resultado da avaliação define a necessidade ou não de intervenção de terapia ocupacional no método de integração sensorial assim como direciona a tomada de decisões da família e da equipe a partir do entendimento dos potenciais e das fragilidades relacionadas com o funcionamento sensorial da criança.

    Entenda as etapas doprocesso de avaliação

    Como funciona o processo de avaliação de Terapia Ocupacional no Método de Integração Sensorial na Infance?

    A avaliação de Terapia ocupacional no Método de Integração Sensorial é um processo muito individualizado*. Incialmente organizamos uma reunião on line com a família e posteriormente organizamos uma série de três atendimentos presenciais** com a criança para aplicação de testagens e observações clínicas. Também faz parte da avaliação a análise de vídeos que serão solicitados pela terapeuta em diferentes momentos da rotina, como alimentação, banho, brincar espontâneo em diferentes ambientes, entre outros.

    Qual o objetivo da dessa avaliação?

    A avaliação de Terapia Ocupacional no Método de Integração Sensorial tem como objetivo conhecer o funcionamento sensorial da criança (base sensorial), conhecer o seu nível de desenvolvimento global em comparação ao padrão esperado para sua faixa etária, e estabelecer um raciocínio clínico identificando qual o impacto que as dificuldades integrativas sensoriais podem estar causando no seu desenvolvimento. Após o término da avaliação, será marcada uma reunião de devolutiva quando teremos a oportunidade de conversar com a família e/ou equipe que acompanha a criança sobre todos os resultados, e definiremos de forma assertiva e fundamentada a necessidade de intervenção de terapia ocupacional no método de integração sensorial assim como diferentes estratégias que potencializem o desenvolvimento da criança. A partir dos resultados da avaliação teremos dados importantes sobre os quais poderemos compreender melhor o funcionamento da criança e construir intervenções mais eficazes.

    Quais são alguns dos instrumentos de testagens que podem vir a ser utilizados*?

    • Escala Bayley de Avaliação de Desenvolvimento do Bebê e da Criança Pequena (Bayley,N. 2018);
    • Perfil Sensorial 2 (Winnie Dunn, Phd, OTR, FAOTA, 2014);
    • Structered Observations of Sensory Integration-Motor - Sosi-M (Blanche, E., Reinoso, G., e Kiefer, D.);
    • Escala de Desenvolvimento Motor / EDM (Neto, F.R.);
    • Pedi-Cat/Pediatric Evaluation of Disability Inventory Computer Adaptive Test (Haley, S. e colaboradores);
    • Vineland-3 - Escala de Comportamentos Adaptativos (Sparrow, Sara S.);
    • Idadi – Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (Silva, M. , Mendonça, E. e Bandeira, D.)

    ATENÇÃO:

    *O processo de avaliação é individualizado. A escolha de quais ferramentas de avaliação serão usadas depende de muitos fatores e será determinado pela terapeuta.

    **A quantidade de encontros presenciais a serem utilizados com a criança durante a avaliação depende do número de testagens a serem usados e da participação da criança.

    ReferênciasBibliográficas

    Baranek GT. Efficacy of sensory and motor interventions for children with autism. Journal of Autism and Developmental Disorders, 2002; 32:397-422. Kashefimehr B et al. The effect of sensory integration therapy on occupational performance in children with autism. OTJR: occupation, participation and health 38.2 (2018): 75-83. Schaaf, et al. Efficacy of Occupational therapy using Ayres Sensory Integration®. A systematic review. American Journal of Occupational Therapy, 2018: v.12, n.1. Schoen, et al. A systematic rewiew of Ayres Sensory Integration ® Intervention for children with autism . Autism Research, v. 12, n.1, p 619, 2019 Omairi, et al. (in press) Efficacy of Occupational therapy using Ayres Sensory Integration® Posar, A e Visconti, P. (2017) Sensory Abnormalities in Children

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